Introdução
A história da odontologia, em seus primórdios, foi intimamente ligada à história da medicina, isso porque a parte odontológica era considerada uma parte, um aspecto da medicina.
O homem lutava contra as doenças e para ele existia apenas um grande drama: a dor e o medo.No entanto, a evolução dos conhecimentos permitia logo, uma diferenciação. Aos poucos, foram sendo isolados os conhecimentos relativos à Odontologia, os quais, por fim, possibilitaram criação de algo e específico. Mas não parou por aí; há ainda um movimento contínuo no sentido de renovação.
A evolução do pensamento odontológico, entretanto, não se deu em uma marcha constante e uniforme no sentido do progresso. Essa marca sofreu muitas interferências, foi poderosamente auxiliada por recursos.
Os conhecimentos odontológicos são, então de várias origens, remotas origens. Sendo assim, não há uma verdade moderna absoluta como também não existe uma sabedoria absoluta. Pode-se afirmar que "a Odontologia é um lento, contínuo suceder-se de fatos, de realizações, influenciados sempre pelos acontecimentos anteriores". Se ela pode ser definida assim, antevê-se a grande importância da sua evolução histórica, permitindo-lhe tornar-se uma ciência de idéias e fatos. A história da odontologia revelou-se, através dos tempos, ser ela uma ciência experimental, no sentido filosófico. As idéias foram selecionadas. O mesmo se deu com os acontecimentos, com as coisas e pessoas. Como resultado decorreram as leis que possibilitaram o desenvolvimento do pensamento odontológico.
Os Primeiros Achados
A necessidade de tratamento de uma enfermidade dentária surgiu em tempos remotos. As primeiras civilizações humanas, no início, desenvolveram tentativas no sentido de recolocar os próprios dentes avulsos, quando ocorriam acidentes ou traumas. Mas logo em seguida, passou-se para a substituição do dente perdido por um elemento similar.
900 - 300A.C. América do Sul. Os Maias procederam à colocação de pedras semi-preciosas, como Jade, nos dentes como razão estética e cultural.
Os Fenícios
Os Fenícios viveram em 4000 a.C. Partindo da Caldeia, esse povo atingiu o litoral próximo aos montes da Galiléia, do Líbano e dos Nosairs e aí se instalou.
Para muitos históricos da odontologia, os Fenícios foram os verdadeiros precursores da Prótese dentária. Os seus conhecimentos, conforme esses históricos, foram transmitidos aos outros povos mediterrâneo. Esses conhecimentos constavam de dados terapêuticos sobre a Odontologia, principalmente referentes à habilidade da prótese.
Os elementos concretos, sobre os quais são baseados os conhecimentos da prótese dentária Fenícia, são principalmente duas testemunhas arqueológicas, conhecidas pelo nome de seus descobridores, como exemplares Gaillardot e Torrey.
Os dois exemplares são respectivamente dos séculos IV e V a.C. Foram executados com grande perfeição e suas relações práticas permitem que se suponha a existência de algo muito mais simples em épocas anteriores.
O exemplar Gaillardot foi descoberto em maio de 1862 pelo Dr. Gaillardot que fazia parte de uma missão francesa na Fenícia em um sepulcro da Necrópole de Sidone, hoje Saída, no Líbano. A peça, atualmente, encontra-se no Louvre. Trata-se de seis dentes, dois caninos e quatro incisivos, ligados com grande habilidade por um fio de ouro puro do comprimento aproximado de trinta centímetros e de diâmetro extremamente fino. O central e o lateral direito pertencem a outra pessoa e substituem os ausentes. No conjunto, este sistema protético desempenha as funções de substituir os dentes ausentes e de fixar os outros dentes a tipo férula. Sendo uma prótese parcial fixa no maxilar superior feminino.
A peça de Torrey foi encontrada em 1901. Ela é uma mandíbula e foi achada pelo Dr. Charles Torrey, da Universidade de Yale, em escavações realizadas ao sul de Saída, bem perto onde Gaillardot fez sua descoberta.
A peça encontrada era uma mandíbula com prótese em ouro, construída por um fio de ouro que encerrava seis dentes anteriores com finalidade fixativa. A mandíbula, devido as rugosidades marcadas das inserções musculares devia pertencer a um homem muito forte.
Os Estruscos
A prótese dentária atinge um nível bem superior com os Etruscos, os quais habitavam a faixa de terra delimitada pelos rios Arno e Tévere e o mar Tirreno.
Os sepulcros Etruscos falam sobre a prótese dentária. Ela foi encontrada no século VI AC, nos sepulcros de Tarquínia, hoje Corneto. Foi descrita por Van Marten, em 1885.
Os Etruscos eram ouríves e nessa arte desenvolveram técnicas de valor. Eles usaram aros soldados para solidarizar grupos de dentes, criando assim, um esteio para os dentes postiços. A liga empregada era de ouro quase puro, fundido em lâminas espessas e resistentes. A solda era de tão boa qualidade que não se alterou em contato com a terra durante tanto tempo.
Os dentes de substituição eram perfurados e depois fixados por meio de uma barra horizontal em toda a espessura. Certamente devido ao caráter sagrado do corpo humano, não podiam usar a não ser dentes da própria pessoa. Então, recorreram aos dentes dos animais, os quais eram reduzidos e adaptados, para fazer as suas próteses parciais fixas, ou então, removíveis.
Os Egípcios
Os egípcios também realizavam próteses e estas são consideradas as raízes da tecnologia odontológica. As próteses procuravam substituir o membro que falhava e também procuravam fixá-lo.
O melhor exemplar egípcio está no Museu Roemer-Pelizaeus na cidade alemã de Hildeshein. Ele é um splint de fio de ouro exumado pelo professor H. Junker, no ano de 1914, em um cemitério perto de Gisah, o qual data de 1500 a.C. Esse cemitério era de cortesãos; estava próximo às pirâmides.
Este antigo dispositivo protético consiste de dois dentes conectados com fio de ouro; são o primeiro ou segundo molar ligado ao terceiro molar. De acordo com o então diretor da Faculdade de Odontologia de Breslau, H.Euler, o dispositivo é mais provavelmente de uma férula para dois dentes adjacentes, para proporcionar retenção para um molar anterior, enfraquecido pela reabsorção radicular, no terceiro molar.
Este achado não é representativo de uma prótese dentária mas demonstra a técnica do fio de ouro.
Os Romanos
A lei romana permitia o enterramento de ouro, só se ele estivesse nos dentes. Encontra-se o comentário lei em Cícero. Na literatura médica romana, no entanto, não há referência às próteses porque elas eram executadas por técnicos, servindo apenas para efeitos estéticos.
Marcial fala de uma dama que, à noite, removia seus dentes. Fala que seus lindos dentes eram de osso e de marfim. Isso porque era o tempo dos Césares e nessa ocasião, apareceu o marfim como material novo, sendo utilizado para fins protéticos.
Acredita-se que as próteses eram executadas pelos ouríves, mas seus trabalhos não foram descritos nos tratados médicos por razões sociais.
Os Romanos usaram próteses removíveis, mas havia também a prótese parcial fixa.
A técnica dos Romanos permaneceu inalterada até a Renascença.
Os Maias
Acredita-se que os índios do hemisfério ocidental chegaram aproximadamente há 15.000 anos provenientes da Ásia, pela então existente ponte de terra firme sobre o estreito de Bering. Emigraram na direção sul, até as Américas Central e do Sul, onde desenvolveu-se verdadeira multidão de povos indígenas, todos eles compartilhando certas semelhanças culturais básicas.
Os mais importantes entre estes povos foram os astecas, gente belicosa e amiga da guerra, que residiam na zona que é, modernamente, o centro do México; os Maias, povo pacífico, com uma cultura muito desenvolvida e que habitou a península do avançado, que viveu na cordilheira andina do atual Peru.
A história teve início por volta de 2.500 a.C, porém sua cultura atingiu o máximo esplendor entre os anos 300 d.C, e 900 d.C. Os Maias possuíam um saber matemático bastante desenvolvido. Além de sua perícia na arquitetura, tinham um conhecimento excelente do tempo, e criaram um calendário muito exato. Apesar de ser um povo basicamente da idade da pedra, já que suas ferramentas eram de sílex e suas armas de madeira afiadas com lascas cortantes de obsidiana, foram consumados fundidores e ferreiros de ouro, prata e, em menor grau, bronze. Sua arte da lapidação também foi notável, como demonstram as jóias gravadas de jadeita, hematita, ônix, turquesa, e outras pedras semi preciosas.
Apesar de se destacarem nos trabalhos em pedra e metal, não chegaram a praticar verdadeiramente uma odontologia corretora e restauradora para manutenção ou melhora de sua saúde oral. Seus trabalhos habilidosos com os dentes tinham finalidades estritamente rituais ou religiosas. Alguns pesquisadores supõem que seu principal incentivo era o adorno pessoal. Sabemos que os Maias levavam a cabo cerimônias religiosas elaboradas, nas quais o enegrecimento dos dentes e o clareamento da face e torso tinham um significado importante. Portanto parece razoável concluir que o adorno e a mutilação dos dentes formavam parte do culto.
Os Maias sabiam incrustar com habilidade lindas pedras em cavidades cuidadosamente preparadas nos incisivos superiores e inferiores e, em alguns casos, também nos primeiros molares. Não há dúvida que as cavidades eram criadas em dentes vivos. Faziam girar, com as mãos ou com uma furadeira de arco de corda, um tubo duro e redondo, parecido com um canudo de refresco. As pedras incrustadas se ajustavam de forma tão exata à cavidade, que muitas delas permaneceram no lugar durante mil anos! Como forma de aumentar a conservação das duas peças unidas, o espaço entre a pedra e a parede da cavidade era vedado por meio de cimentos.
Existem provas abundantes de que os Maias praticaram a implantação de materiais aloplásticos ( não orgânicos ) em pessoas vivas. Enquanto escavavam na praia dos Mortos, no vale Ulúa de Honduras em 1931, Wilson Popenoe e sua mulher encontraram um fragmento de madíbula de origem Maia, que datava do ano 600 d.C. . Este fragmento, que se encontra atualmente no Peabdy Museum of Archeology and Ethnology da Universidade de Harvard, foi estudado por Amadeo Bobbio, de São Paulo, Brasil, uma autoridade em implantes reconhecida em todo o mundo. Bobbio observou que três incisivos inferiores perdidos. Contrariamente à opinião inicial, segundo qual estes fragmentos teriam sido inseridos depois da morte, as provas radiológicas efetuadas por Bobbio em 1970 comprovaram a formação de osso compacto em torno de dois implantes, osso radiograficamente similar ao que envolveria um implante de lâmina atual. Em consequência, estes são os dois implantes endosteais (dentro do osso ) aloplásticos.
Os Japoneses
Quando o budismo foi introduzido no Japão no século VI, veio acompanhado de uma grande variedade de novas artes e técnicas. Por volta do século VIII, os japoneses dominavam a arte de talha de imagens de Budas de madeira, sendo possível que as primeiras próteses de madeira tenham sido confeccionadas nesta época. Sem dúvida os aspectos técnicos da manufatura de próteses já se achavam aperfeiçoados em começos do período Tokugawa.
No seu clássico trabalho do ano de 1728, o grande dentista ocidental Pierre Fauchard descreve duas próteses completas superiores, projetadas por ele mesmo, que dependiam, para a sua retenção, exclusivamente da pressão atmosférica. Ao que parece o significado fundamental de seu grande descobrimento se lhe escapou, pois seguiu aconselhando o uso de molas, na construção das dentaduras. Enquanto isto, os japoneses construíam próteses completas, superiores e inferiores, sustentadas simplesmente pela aderência e pressão atmosférica cerca de 200 anos antes. O fato destas dentaduras terem sido confeccionadas de madeira é também muito interessante. Foram encontradas mais de 120 dentaduras completas de madeira, que datam de princípios do século XVI, até meados do século XIX.
As próteses japonesas antigas eram talhadas de um único bloco de madeira, normalmente de árvores de aroma doce como o bluxo, a cerejeira, ou o damasqueiro. Era confeccionado um molde do maxilar desdentado com cera de abelha, e com base neste molde talhava-se um modelo, geralmente de madeira. Em seguida, talhava-se a dentadura, seguindo aproximadamente este modelo. Depois, o interior da boca do paciente era pintado com um pigmento vermelho, ou com tinta nanquim, e com base na impressão dos pontos salientes, a dentadura ia sendo trabalhada, ajustando-a à parte interior da boca.( Este procedimento não difere muito do método ocidental, em época mais recente, de modelar e ajustar na boca dentaduras com base de marfim ). A base se estendia até a prega mucobucal, para que aumentado o poder de retenção, e eram gravadas na superfície da dentadura as arestas irregulares do palato duro.
Os dentes artificiais eram confeccionados com lascas de mármore ou osso de animais talhados sob medida, e algumas vezes também eram utilizados dentes humanos naturais Os dentes artificiais eram confeccionados com lascas de mármore ou osso de animais talhados sob medida, e algumas vezes também eram utilizados dentes humanos naturais. Em lugar das molas posteriores, pregavam na base de madeira cravos de cobre e ferro, visando aumentara eficácia da mastigação. Se os clientes assim o exigissem, os dentes e suas bordas eram pintadas de negro, para indicar a condição matrimonial da mulher que iria utilizar a dentadura; finalmente, a prótese era inteiramente recoberta laca, para torná-la resistente à ação da saliva.
A prótese dentária superior japonesa mais antiga que se conhece pertenceu a uma sacerdotisa budista, Nakaoka Tei, conhecida familiarmente como Hotoke-hime, ou Dama do Buda que fundou o templo de Ganjo-ji em Wakayama, por volta de 1500. Entre seus objetos pessoais, que se encontram em seu templo, encontra-se um espelho, uma pedra de tinta, um leque, uma campainha, algumas relíquias e a prótese, da qual diz-se ter sido confeccionada pela própria sacerdotisa. Restos de óxido de ferro indicam que em outra época havia sido pintada de negro. Parece provável que, nestes tempos, as dentaduras de madeira fossem comuns nas zonas urbanas, já que Wakayama, no século XVI, era uma zona rural remota.
Odontologia Protética
O século XVIII na Europa
Transplante dental - Desde o início dos tempos, a substituição artificial de dentes caídos era efetuada com produtos de origem animal, como o marfim ou o osso, ou com a extração de dentes da boca de uma pessoa morta. Os primeiros geralmente eram insatisfatórios, pois absorviam odores e sofriam mudanças de cor. Quanto aos dentes humanos, estes eram escassos e caros, e a maior parte das pessoas sentia uma repugnância natural ao colocar um dente de cadáver na boca. No século XVIII, John Hunter argumentou sobre as vantagens de transplantar os dentes de um ser humano vivo diretamente para a maxila de outro ser humano ( ao que se opôs Berdmore, em favor de sua reputação ), e seu grande prestígio fez com que este duvidoso procedimento fosse aceito além do conveniente. Era tão entusiasta de sua nova idéia, que implantou um dente humano, cuja raiz não havia se desenvolvido completamente ainda, na crista de um galo vivo. Assim, presenciou o crescimento, no interior do anal pulpar do dente, o fluxo de vasos sanguíneos e também presenciou o próprio dente enraizando-se com firmeza na crista. Isto levou Hunter a recomendar que o "scion" de dente humano ( como chamou ao dente implantado ) fosse de uma pessoa jovem, e fez o que, atualmente, nos parece uma recomendação inconsciente: que o dentista tivesse vários doadores esperando durante o transplante de um dente; se o primeiro dente não se ajustasse à cavidade, devia extrair outro dente da próxima pessoa, e assim sucessivamente, até que fosse obtido um bom ajuste! É surpreendente que o pai da cirurgia moderna, cujo considerável conhecimento tinha por base a investigação científica e a experiência prática, pudesse aconselhar procedimentos tão duvidosos.
Com o tempo, estes transplantes caíram em desuso ( embora tenham persistido durante o século XIV ) após a divulgação de repetidos fracassos e do reconhecimento do risco de transmissão de enfermidades ( especialmente sífilis ), devida aos satíricos da época, sobretudo Rowladson, que ridicularizou a prática e o surgimento dos dentes "minerais", ou de porcelana.
Dentes Minerais
Um farmacêutico parisiense, Alexis Duchâteau (1714 - 1792), verificou que as próteses dentárias de marfim por ele usadas se manchavam, e cheiravam, depois que Duchâteau provava as misturas por ele preparadas. Em busca de uma solução, tentou fazer uma prótese dentária de porcelana, na fábrica de porcelanas Guerhard. Como não era dentista, e não tinha o hábito de fazer moldes,seus esforços fracassaram. Somente depois de ter-se associado a um dentista de Paris, Nicolas Dubois de Chémant, seus esforços foram recompensados.
Satisfeito por suas novas dentaduras, Duchâteau abandonou seu interesse pelos dentes de porcelana, voltando às suas lides na farmácia. Dubois de Chémant, entretanto, trabalhou ativamente, aperfeiçoando a invenção, o que se revelou uma tarefa difícil, visto que as próteses de uma peça devem resistir à distorção, ao serem levadas ao cozimento no forno. Ao longo de seus experimentos, Dubois de Chémant modificou por duas vezes a pasta mineral original, para que fossem melhoradas a cor e a estabilidade dimensional, e para a obtenção de uma melhor fixação dos dentes na base, também de porcelana. Com o tempo, os resultaram foram considerados satisfatórios por Chérmant, e em 1788 este dentista publicou seus descobrimentos em folhetos que reuniu na Dissertação sobre dentes artificiais, publicada finalmente em 1797. Em 1798 Dubois de Chérmant apresentou seu invento na Académie des Sciences e na faculdade de medicina da Universidade de Paris, e ambas as instituições aplaudiram seus esforços. Nesta época, recebeu uma patente real das mãos de Luis XVI.
Então, Duchâteau reapareceu em cena, pretendendo que Dubois de Chérmant havia plagiado seu invento, e solicitando a revogação da patente, o que lhe foi negado. Entretanto, muitos dos colegas de Dubois de Chérmant, devido provavelmente à inveja, se colocaram ao lado de Duchâteau e acusaram a Dubois de Chérmant, na corte, de roubo de suas idéias, entretanto, a lei reabilitou Dubois, reconhecendo sua patente como válida.
Dubois de Chérmant viajou para a Inglaterra em 1792, para escapar da revolução Francesa; neste país, solicitou que lhe fosse concedida a patente inglesa de catorze anos para a manufatura exclusiva do que ele denominava "dentaduras de pasta mineral". Também as denominava " dentaduras incorruptíveis", expressão que adquiriu grande aceitação. O termo 'incorruptíveis" tornou-se sinônimo de dentes de porcelana.
Dubois de Chérmant desempenhou um papel decisivo no avanço da odontologia protética. Suas dentaduras continuaram sendo populares até a introdução de dentes de porcelana cozidos peça a peça, por Giuseppangelo Fonzi, no século seguinte.
América no Séc. XIX
Avanços na Odontologia Protética - As revolucionárias próteses confeccionadas totalmente de porcelana por Nicolas Dubois de Chérmant representaram um grande avanço, em comparação com as próteses antigas, confeccionadas de materiais orgânicos, que tinham uma tendência para a deterioração e desintegração na boca, e também absorviam cores e odores. Porém as próteses de Dubois de Chémant cozidas de uma só vez sofriam encolhimento e deformações. Durante os primeiros anos do século XIX, um invento de Giseppangelo Fonzi ( 1768 - 1840 ) tornou possíveis as próteses modernas.
Em 1808 Fonzi apresentou suas próteses, denominadas "incorruptíveis termometálicas" a uma comissão científica de representantes do Ateneu da Arte e à Academia de Medicina de Paris, e estas instituições deram seu apoio à invenção. Fonzi criou modelos, nos quais construía dentes individuais de porcelana. Antes do cozimento, introduzia um cravo de platina sob cada dente, este cravo era, em seguida, soldado à base de prata ou ouro da prótese. Posteriormente, outras técnicas melhoraram os dentes postiços de fonzi, tornando sua cor mais natural, cozendo-os com diferentes terras, e aperfeiçoando sua forma, pelo talhe mais habilidoso dos moldes. Na Inglaterra, Claudius Ash, um ourives que começou a fabricar dentes de porcelana fina em 1837, poucos anos depois introduziu o "o dente tubo", que podia ser inserido por um tubo na dentadura; este tipo de dente foi amplamente aceito para uso em pontes, e também em próteses completas. Um pouco mais tarde, em 1851, John Allen, de Cincinnati, patenteou os "dentes de gengiva contínua", uma prótese que consistia em dois ou três dentes de porcelana fundidos num pequeno bloco de porcelana matizado na cor da gengiva. Estes blocos poderiam ser enganchados na base da dentadura, conforme a necessidade. Porém o método de confeccção destes dentes de porcelana era trabalhoso, e sua produção era muito limitada. Ainda por vários anos, os dentes humanos naturais continuariam servindo como substitutos na dentaduras.
Os dentes indivíduais de porcelana foram introduzidos na América em 1817 por um dentista imigrante francês, Antoine Plantou, que oferecia, por certa soma de dinheiro, ensinamentos aos dentistas do Novo Mundo seu método de produção destas próteses. Temos uma carta sua, datada de 2 de agosto de 1827, a Nathan Keep, o dentista mais importante de Boston, na qual Plantou comunica que 600 dólares bastariam para conseguir "não apenas a receita, mas também material já para fabricar dentes".
Alguns americanos introduziram melhoras, e fabricaram dentes minerais; porém Samuel W. Stockton, joalheiro de Filadélfia, foi o primeiro a fabricar dentes de porcelana em grandes quantidades, numa pequena fábrica. Havia escolhido como assistente seu sobrinho, Samuel S. White, que aprendeu com seu tio tanto o processo de fabricação dos dentes, como os outros ramos da odontologia. Em 1843, White deixou o emprego com o seu tio, e fundou seu próprio negócio, que com tempo se transformou na companhia de manufaturas dentais mais avançadas em todo o mundo.
Em 1846, White fechou seu consultório dental, para dedicar-se completamente à manufatura.
As Coras
Outros empresários, seguindo o exemplo da Goodyear Dental Vulcanite Company, logo tentaram beneficiar-se da série de novos inventos feitos nos Estados Unidos durante o último quarto do século XIX. Os dentistas americanos à época, haviam tomado a iniciativa mundial da introdução de novas técnicas. Alguns dos progressos mais notáveis foram conseguidos na construção de pontes e coroas que, como já vimos, haviam sido construídas primeiramente pelos etruscos no século V a.C.
Em 1880, o Dr. Cassius M. Richmond patenteou uma coroa construída inteiramente de porcelana exceto por uma chaveta metálica incorporada em seu interior, antes do cozimento. Apesar de que nem as coroas de Richmond, e nem as de Logan, podiam ser colocadas sem que o dente natural fosse desvitalizado e retirada a coroa, estas próteses representam um avanço importante, já que a porcelana era um material muito mais estético que o metal.
Em pouco tempo tinham sido concedidas mais de 25 patentes similares. Um grupo de hábeis especuladores comprou estas patentes de seus inventores, e anunciou a formação da International Tooth Company ( ITCC ). Apareceram anúncios em periódicos de toda a nação, e dentistas seriam intimados, caso confeccionassem qualquer coroa ou ponte sem o devido pagamento de uma cota entre 100 e 500 dólares à ITCC. Além disto, a companhia imediatamente denunciou alguns dos dentistas mais eminentes do país.
As situações desesperadas necessitam de homens com coragem, e neste caso foi o Dr. J.N. Crouse, de Chicago, quem se negou a ser intimidado. Em 1887, com meios próprios, começou a viajar, incentivando seus colegas a apoiar sua recém- lançada United States Dental Protective Association. Grande número de dentistas acorreu em sua ajuda e em 1900, depois que a organização de Crouse havia arquivado muitos de seus casos , as patentes de ITCC foram declaradas nulas. Quando três anos mais tarde a coroa de procelana de Land, realmente revolucionária, chegou ao mercado, os dentistas e seus pacientes puderam livremente beneficiar-se desta prótese.
Charles Henry Land, dentista de Detroit que vinha fazendo experiências com a porcelana, desenhou e presenteou em 1888 um método de confeccionar incrustações de porcelana numa matriz de lâmina delgada de platina. De êxito mediano, sua aplicação foi limitada, e seu ajuste estava longe de ser o ideal, pois a porcelana continuava sendo um material de difícil fusão. Com a invenção em 1894, do forno elétrico, e em 1898 da porcelana de baixo ponto de fusão, Land pode finalmente dar uma contribuição fundamental, ao construir a coroa de porcelana sobre uma matriz de platina. Por volta de 1901 o método de fundir porcelana a latas temperaturas tinha se aperfeiçoado, e em 1903 Land introduziu na profissão sua coroa de porcelana, forte e estética.
A Construção de Prótese
A cubeta metálica de impressão, utilizada para sustentar a substância, pressionando-a contra as gengivas para a obtenção de uma impressão, tinha sido introduzida na França por volta de 1820 por Christophe François Delabarre, e seu desenho vinha sendo constantemente melhorado nos Estados Unidos quando um dentista de londres, Charles Stent, introduziu a primeira substância para impressões na década de 1840, e a técnica foi apresentada majori A cubeta metálica de impressão, utilizada para sustentar a substância, pressionando-a contra as gengivas para a obtenção de uma impressão, tinha sido introduzida na França por volta de 1820 por Christophe François Delabarre, e seu desenho vinha sendo constantemente melhorado nos Estados Unidos quando um dentista de londres, Charles Stent, introduziu a primeira substância para impressões na década de 1840, e a técnica foi apresentada majoritariamente à profissão por Chaplin Harris em 1853.
A necessidade de estabelecer uma correspondência correta entre os dois maxilares na construção de uma prótese já havia sido reconhecida em 1756 por Philip Pfaff. Um dentista francês do século XIX, J.B. Gariot, é reconhecido como inventor de um articulador simples, do tipo "charneira". O primeiro articulador que reproduzia aproximadamente o movimento em três dimensões, precursor dos modernos articuladores que reproduzem com exatidão os movimentos mandibulares, veio a público em 1840, patenteado por um americano, o Dr. Daniel Evans. O primeiro articulador realmente eficaz foi apresentado em 1864 por um dentista que, além disto, era um gênio da mecânica, o Dr. William A.G. Boonwill, de Filadélfia. Seu articulador, o primeiro a permitir que "os côndilos [também] se separassem da posição que ocupam durante a oclusão em bisagra [dobradiça]", ganhou rápida aceitação entre os membros avançados da profissão, e constitui-se num modelo para a ampla gama de articuladores introduzidos ao longo do meio século seguinte. Foi Bonwill quem cunhou o termo "articulação", para descrever as posições relativas dos maxilares e mandíbula durante seus movimentos (substituindo o termo mais antigo, "oclusão"), tendo desenvolvido o que se converteria nas regras clássicas para a colocação dos dentes nas dentaduras. Infelizmente, boa parte da nova informação concernente à articulação e aos novos mecanismos não chegou a todos os profissionais, e muitas das dentaduras continuaram sendo confeccionadas na base do ensaio e erro. Em muitos casos, apenas em seguida a um prolongado período de ajustes, e pela perseverança do paciente, podia ser obtida uma dentadura satisfatória.
Bonwill deu muitas outras contribuições à odontologia, inclusive um martelo eletromagnético de desenho avançado para a compressão de folhas de ouro; um estupendo mecanismo para acionar furadeiras (torno dental); discos de borracha e corindon para polimento (os discos de coridon tinham sido inventados por Robert Arthur em 1872); estruturas cervicais para manutenção das obturações em seu lugar, durante sua consolidação; um escarificador com ponta de diamante, para trabalhar nos canais da raiz; e uma coroa de desenho especial.
Confecção de Dentaduras
Apesar dos dentistas americanos terem sido considerados como os que fizeram as linhas de progresso dos instrumentos, materiais, e técnicas, alguns dentistas de outros países também deram contribuições importantes durante o século XX: Alfred Gysi, da Suiça, inventou o primeiro articulador realmente eficiente em 1909; este instrumento, juntamente com o arco facial (instrumento utilizado na medição da relação espacial entre os maxilares, tanto em movimento como repouso), inventado já pelo Dr. George B. Snow, de Buffalo, Nova York, possibilitaram a construção de próteses completas, com melhor oclusão. As próteses melhoraram muito, sob o ponto de vista estético, graças ao trabalho de James Leon Williams, um expatriado americano que tinha seu consultório em Londres, e que em 1914 publicou um estudo relacionando a forma do rosto com a forma do rosto, com forma dos dentes. Sua descrição das formas típicas levou à manufatura de próteses com uma aparência muito natural, e quando foi introduzida em 1919 a vulcanite rosa, as bases da prótese adquiriram um aspecto muito funcional.
Outros avanços foram levados a cabo nas próteses parciais, com a introdução da primeira liga de cromo e cobalto, o vitálio, em 1930. Em 1932, surgiu a vinilita, o primeiro material plástico para bases de próteses, mas que foi substituído pelas resinas de metilmetacrilato, que em meados da década de 30 já dominavam completamente o campo das bases para próteses.
Dados Históricos
O progresso atual, no entanto, está apoiado nos pequenos avanços da ciência odontológica do passado. Assim, próteses parciais foram esculpidas em madeira e depois, em placas soltas até que hoje pode-se produzir as próteses parciais fixas. Ao lado dessa evolução deu-se também, a evolução dos instrumentos.
No entanto, pode-se afirmar que as próteses parciais fixas estavam em estado primitivo de desenvolvimento até o ano de 1850.
Antes dessa data, a prótese parcial engatinhava apresentando pequenos progressos aplicáveis a ela. Assim temos:
1280 - China. A Medicina é dividida em 13 especialidades, entre elas a Dentária;
1400 - França. Uma série de decretos reais proibem que os Barbeiros-Cirurgiões exerçam procedimentos cirúrgicos, excepto o sangramento, sanguessugas e a extracção dentária;
1498 - China. Primeira descrição de uma escova dentária com pêlos;
1500 - Caraíbas. São estabelecidas novas plantações de cana de açucar nas novas colónias;
1530 - Alemanha. Primeiro livro dedicado inteiramente à Dentária. "The Little Medicine Book for All Kind of Diseases and Infirmities of the Teeth". Fala sobre vários tópicos como a higiene oral, extracção dentária, obturações de ouro;
1728 - França. O Dentista Pierre Fauchard, considerado como o Pai da Medicina Dentária Moderna, descreve no seu livro "Le Chirurgien Dentiste, ou traité des dents a comprehensive system" a anatomia básica da boca e função, técnicas operativas e restaurativas e a construção de dentaduras. Opõem-se à teoria "Tooth Worm" como causa das cáries. O seu trabalho só é traduzido em inglês em 1946;
1746 - França. Claude Mouton descreve umas facetas em ouro para esmalte em dentes anteriores;
1756 - Alemanha. Philipp Pfaff, o dentista do Rei Prussiano Frederick II, introduz a utilização de cera e gesso vindo de Paris para fazer impressões. Isto aumento a adaptação das próteses dentárias;
1771 - Grã-Bretanha. John Hunter publica o livro "Natural history of the Human Teeth", e também o livro "A Practical Treatise on the Diseases of the Teeth";
1776 - Grã-Bretanha. Joseph Priestley sintetiza óxido nitroso, mais tarde conhecido como "laughing gas". Por volta de 1840 as suas propriedades intorpecedoras e analgésicas foram utilizadas pelos dentistas e cirúrgiões;
1776 - EUA. Um dos primeiros casos de Medicina dentária forense em que John Revere, um dentista e patriota nas guerras da independência, reconhece o seu amigo devido a uma ponte dentária;
1788 Nicolas Dubois De Chémant, removendo uma prótese construída com dentes humanos sobre uma base de marfim de hipopótamo, observou um cheiro insuportável que contaminou todo o ambiente.
1790 - EUA. Josiah Flagg, constrói a primeira cadeira especializada para dentistas;
1791 - França. Nicolas Dubois tem a primeira patente de fabricação de dentes de cerâmica;
1795 - EUA. Aumenta o cancro no lábio em que Samuel Thomas atribui aos fumadores de cachimbo;
1800's - China. As mulheres de classes sociais mais altas pinta os seus dentes de preto como sinal de fidelidade;
1805 - Introdução do articulador dental.
1840 - Articular com movimentos laterais e protéticos.
1856 - Uso do cimento oxicloreto de zinco.
1857 - Revestimento expansivo.
1857 - Evolução da prótese parcial fixa pelo coroamento ao fim da raiz e atamento de um dente artificial à ele.
1858 - A distância intercondilar e o ponto incisivo passa a ser quatro polegadas.
1866 - Articulador que permitiu o movimento de abertura e movimentos laterais dos côndilos.
1871 - Dente de porcelana artificial, a qual estendia-se uma barra de platina de cada: mesial e distal. As pontas dessa barra deveriam ser adaptadas em preparos, em dentes naturais adjacentes.
1873 - Aparecimento da prótese total de liga de ouro com cúspides esculpidas.
1878 - Aparecimento da prótese total open-faced.
1886 - Aparece a porcelana de baixa fusão, fundida em molde de ouro.
1889 - Construção de próteses totais de porcelana.
1896 - Estudos sobre os movimentos mandibulares em relação à prótese dental. Invenção do articulador ajustável para movimentos individuais da mandíbula, registrando a inclinação individual dos côndilos, extraoralmente.
1898 - A porcelana de baixa fusão torna-se perfeita quanto à cor e durabilidade.
1900 - Invenção do método intraoral de tomada de posições relativas aos côndilos.
1901 - Uso de próteses totais de porcelana veneer.
1906 - Introdução das próteses de ouro.
1907 - A aplicação de fundições de ouro com um molde volátil possibilitou aperfeiçoamento nas próteses parciais fixas.
1910 - Os métodos de fundição possibilitaram a eliminação do apoio gengival, em favor do bisel.
1928 - Estudo de materiais usados na prática dental quanto às propriedades físicas.
1932 a 1933 - Desenvolvimento da técnica da expansão higroscópica do revestimento para compensar da fundição. Determinação da diferença existente entre o percentual de contração do ouro em várias ligas.
1935 a 1940 - Apresentação do hidrocolóide para inlays, próteses fixas. Uso das resinas sintéticas para completar as bases das próteses totais fixas e para restaurações dentais.
1952 a 1960 - Introdução das mercaptanas e siliconas. Desenvolvimento dos discos de carburundum e ultra-high speed cord hand piecese do motor a água e ar handpieces.
A prótese dental entrou em nova era, quando foi descrita a técnica da confecção de dentes artificiais. Esses dentes apresentaram um grande progresso, com introdução de ganchos e ranhuras.
Com os trabalhos de Black ( preparo das cavidades ) e de Tagart (aperfeiçoamento do método de fundição), o trabalho de próteses fixas, sob orientação científica, foram executados nos Estados Unidos.
No fim do século passado e no começo deste, os dentistas começaram a perceber que as próteses fixas não eram duráveis por que os dentes suporte contraíam moléstias periapicais, periodontais. Mas os pesquisadores demonstraram que isso não era verdadeiro, pois a prótese nada tinha a ver com a causa dos fracassos. O que havia era falta de conhecimento, de orientação para se trabalhar com esse tipo de prótese.
Bibliografia
Bobbio, Amedeo - Etapas históricas da Odontologia
Malvin E. Ring - História Ilustrada da Odontologia
Smith, G.P. - A short history of dentistry; Factors affecting the choice of partial prothesis fixed or removable
Encarte Técnico - científico - Etapas históricas da odontologia
Revista - Ars Curandi em Odontologia
Fonte de pesquisa: www.angelfire.com/my/odontounivap/historia_odontounivap.htm